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ENTREVISTA: Camila Pitanga, a Isabel de "Lado a Lado"



Depois do sucesso da personagem Carol, de "Insensato Coração", você dá vida forte Isabel, em "Lado a Lado", que na trama sofre muito. Você acha que isso trouxe alguma empatia junto ao público?
Espero que sim. A Isabel é batalhadora. Ela é uma mulher que naquele momento vive - além das dificuldades da vida dela, dos desencontros que ela vai tendo com sua família, com quem ela ama, tem ainda um período histórico, que para a mulher negra é muito difícil. Só que ela é muito afirmativa, resistente com seus princípios, com sua autoestima. Eu acho isso muito bonito nela. A Isabel sofre, mas não perde a gana de lutar, de ir em frente. Acho que isso comove bastante o público.

Para dar vida a Isabel você mudou completamente o visual, em especial o cabelo. Foi difícil chegar a esse look final da personagem?
Eu acho lindo esse cabelo, E não parece, mais é o meu cabelo. Só que a gente trabalha muito nos fios que ficam na parte da frente do cabelo. Demora um pouquinho porque eu tenho que praticamente trançá-los, usar o secador e depois soltar os fios. E justamente quando eu os solto, eles ficam na textura da peruca. Levo duas horas para ficar pronta.

Como é voltar no tempo e fazer um trabalho de época?
Eu acho que "Lado a Lado" está me dando a oportunidade de pensar na cidade nesse tempo e estou adorando. É a primeira novela de época que eu faço na minha carreira. Eu acho que sempre que você olha para nossa história você está pensando no hoje. Eu adoro isso. Eu acho que é uma oportunidade que estão me dando. Estou achando o figurino lindo. Gosto de época. E ajuda muito porque você tem uma caracterização muito mais elaborada. Você se distancia mais de você. O fato de se distanciar do seu jeito de  ser, da sua roupa, te ajuda a se aproximar da personagem. Toda caracterização é longa, demora, mas não deixa de ser um fator positivo que ajuda a me aproximar mais da personagem.

Em Insensato Coração

Você formou parceria com Lázaro Ramos em "Insensato Coração". Agora, na trama de João Ximenez Braga e Cláudia Lage, mais uma vez o ator faz seu par romântico. Como é trabalhar com ele?
O Lázaro é um grande amigo, uma inspiração para qualquer atriz. Então, trabalhar com ele é um presente, é uma alegria enorme. Só que nesse trabalho, se comparado com o de "Insensato Coração", os caminhos são bem diferentes. No caso do André e da Carol, eles tinham uma história antiga, enfim, mai gato e rato. O amor estava tangenciado, mas não era um amor verdadeiro, nem de um, nem de outro. Aqui não. Há um desencontro, mas não é a questão. Há uma diferença. A Isabel é uma mulher à frente do seu tempo, que trabalha e é independente. O Zé a admira por isso. Acredito que é difícil para ele admitir toda essa vanguarda, toda essa modernidade dela. E isso vai criar conflitos entre os dois. Trabalhar com o Lázaro facilita porque há uma cumplicidade, um jogo muito aberto para pensar as cenas. São personagens diferentes, mas a cumplicidade é sempre bom. Faz você afinar, pensar junto.

Em "Lado a Lado", a trama mostra a dificuldade que o negro enfrentava na época para se firmar na sociedade. Você acha que isso existe até hoje?
Eu acho que ainda existe. Inclusive, é importante falar disso. O bacana é falar da afirmação do negro. Muito mais do que falar sobre o preconceito. Acho que entre outras coisas, a novela fala do negro posicionado, tendo o seu lugar na sociedade. Como todas as dificuldades, mas conquistando o seu espaço.


A novela mostra que apesar das diferenças sociais, a amizade entre a bem nascida Laura, interpretada por Marjorie Estiano, e Isabel sobrepõe todos esses pré-conceitos estabelecidos na época...
A época em que se passa a novela tem a questão da mulher, do racismo, e tudo isso é contemporâneo. Só que lá essas questões são mais fortes. Porque mesmo a mulher rica e bem nascida, como é o caso da Laura, a gente vai poder acompanhar os dilemas de uma mulher daquele tempo através dela. E ir fazendo paralelo com a história da Isabel, com outra realidade, mas que também tem seus dilemas, é bacana de se ver. Elas se tornam amigas e cúmplices percebendo essas diferenças. Isso é muito bonito porque elas nem sempre têm os pontos de vista sempre parecidos, mas se respeitam e se admiram.

Você também gosta de música, como a personagem Isabel? Tem samba no pé?
Eu amo dançar! Minha mãe tem formação de dança, de balé e acabou derivando para o jazz. Então a dança sempre esteve presente na minha casa. 

Você está com 35 anos, é mãe e está com o corpo em forma. Qual o segredo para sempre se manter bem, com as medidas no lugar?
Não tem mistério. Faço ginástica com a Stella Torreão, isso de duas a três vezes por semana. E claro que cuido da alimentação, tendo hábitos saudáveis. É isso.


Na trama, Isabel é amiga de Laura, as duas pensam da mesma forma. Fora da TV, você tem alguma amiga como a Laura, com tanta afinidade?
Eu tenho. Graças a Deus, tenho boas amigas. Nem é só uma. Mas eu não posso falar só de uma porque vai ficar chato com as outras. Porém, eu tenho boas amizades, de loga duração. E o caso da Isabel e da Laura eu acho bonito porque nem sempre elas concordam. Eu acho uma amizade verdadeira e não é aquela que você adere a tudo o que a outra faz. É a que você critica, a que você ajuda a regular, no sentido de troca, de pensar junto.

Você realmente é uma atriz de credibilidade e com trabalhos reconhecidos no mundo da dramaturgia. Apesar do sucesso e dos prêmios, o que falta na sua carreira? O que você gostaria ainda muito de fazer seja na TV e no cinema?
Eu quero muitas coisas diferentes. Mas não tenho nenhum personagem específico. Deixo as coisas acontecerem.

JOGO RÁPIDO
Mulheres X Homens: acho que as diferenças de posicionamento do homem e da mulher são da vida. Eu não quero ser sexista, mas elas existem.

Vontade fazer musical: é um desejo sim. Estou falando de algo que eu gostaria de desenvolver, mas não tem uma semente clara a respeito disso. Trata-se apenas de um sonho.

Sonha em ser cantora: eu sou atriz, gosto de cantar e desenvolvo o instrumento, que é minha voz. É sempre bom o ator criar mais conhecimento, ter mais habilidades específicas.

Um prato preferido: adoro comida baiana.

Entrevista originalmente publicada na Revista Moema
Elaborada por Márcio Mello



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