Por Fábio Leonardo Brito
Em meados de 2021, recebi uma mensagem por whatsapp de um número desconhecido. Há algum tempo sabia que um amigo, o ator e diretor de fotografia Lucas Apóstolo, vinha trabalhando junto à produtora independente Ponto Ação em uma de suas produções, a websérie A Melhor Amiga da Noiva, veiculada pelo YouTube desde 2016. Até então, essas eram todas as informações que eu tinha sobre a sua produção. Eu nada ou quase nada sabia sobre o grande sucesso que ela fazia.
A mensagem recebida, no entanto, era de Priscilla Pugliese, uma das sócias da produtora e, também, protagonista daquela série ao lado de Natalie Smith. O teor da mensagem: um convite para uma conversa que, se bem-sucedida, resultaria em uma parceria com aquela produtora na condição de roteirista.
Meu primeiro trabalho foi
maratonar as três temporadas de A Melhor Amiga da Noiva até então no ar
no YouTube. Assim, conheci a história da arquiteta Fernanda (Priscilla
Pugliese) e da artista plástica Juliana (Natalie Smith), protagonistas de uma
história cuja base era a fanfic desenvolvida por Nathália Sodré,
inspirada em Camila Cabello e Lauren Jauregui, integrantes da formação original
da banda feminina Fifth Harmony. Ainda que a websérie, a partir de sua segunda
temporada, tenha ganhado um encaminhamento absolutamente original, sua base era
o universo de fanfics que mobilizavam adolescentes e jovens adultas pelo Brasil
e pelo mundo, explicando parte do sucesso inicial daquele projeto.
Ao longo da primeira temporada,
com a ajuda dos amigos Daniel (Rodrigo Tardelli) e Diana (Lohana Marinho), as
duas aceitam o que sentem e passar a lutar para ficar juntas. A partir da
segunda temporada, esse romance conta com o antagonismo da assistente social
Paola (Nathy Diório), que, obsessivamente apaixonada por Fernanda, começa a
armar diversas situações para atrapalhar o casal, inviabilizando a adoção do
garoto Victor.
Ao longo da história, são abordados
temas como maternidade, através do filho das duas, Thomas (Thomas Araújo),
prevenção contra câncer de mama através da desconfiança de Juliana de ser
acometida pela doença e violência doméstica, através da relação abusiva entre o
sócio de Fernanda, Caio (Ian Tavares) e sua namorada, Lucy (Daniele Mello).
Após assistir às três temporadas,
li os roteiros da quarta leva de episódios, que começaria a ir ao ar ainda no
final daquele ano. Diferente das demais, cujo foco era o arco dramático, a
quarta temporada termina com um plot de suspense, pois, em um grave acidente de
carro, Fernanda fica desacordada, deixando no público a expectativa se ela
estaria viva na temporada seguinte. Enquanto isso, o enredo também aprofunda a
toxidade da relação entre Caio e Lucy, bem como o crescente interesse romântico
de Daniel na garota. Por fim, aprofunda ainda a obsessão de Paola na família de
Fernanda, sua amizade com Tiago (João Farias) e sua relação com Diana.
Conhecendo toda a história, fui incumbido da missão de, ao lado de Priscilla, encerrá-la em seu quinto e último ato. Nele, o objetivo era dar um final para a história coerente com as expectativas do público, bem como com as jornadas desenvolvidas por cada um dos personagens.
Assim, tive a felicidade de
conhecer de perto essa produção e, com ela, por muitas vezes, fazer
deslocamentos para compreender outros lugares de fala. A Melhor Amiga da
Noiva chegará ao final com seu último episódio nos próximos dias e, em mim,
deixa o imenso sentimento de saudades dessa história que eu conheci e
rapidamente me tornei fã, bem como de gratidão por ter sido convidado para um
projeto com uma amplitude de público tão grande e capacidade igualmente grande
de mudar a vida de pessoas.
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Autor: Fábio Leonardo Brito
Dramaturgo e professor universitário de História. Mora em Teresina (PI). Tem interesses em temas ligados a cinema, música, comportamentos juvenis, teledramaturgia e cultura em geral
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