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CRÔNICA: O Quarto de Nelson


Por Bruno Oliveira 


Ano 2006, Hospital em Botafogo, zona sul do Rio de Janeiro. Faltavam poucos dias para minha cirurgia na coluna acontecer. A ansiedade, o medo, tudo me consumia. Mas, uma dúvida gritava no meu pensamento: “Qual era o quarto de Nelson?”, pois sim, Nelson esteve internado naquele mesmo hospital em 1980. Foi lá que o nosso anjo pornográfico, porém, anjo, adormeceu na eternidade. Decidi perguntar aos enfermeiros, médicos, a quase todos os funcionários, mas, nada de resposta. Gostaria de deixar um pensamento na porta,uma rosa, talvez. “Será que não tinha ninguém que trabalhava naquela época?” “Ou, será que preferem esquecer aquele dia?” Pois bem, eles estão certo, o quarto de Nelson pode ser esquecido, não Nelson, mas o quarto.

Afinal, um cara que sabia sobre “a vida como ela é...”, este e somente este, sabia viver. Aquele que escrevia sobre o amor e a morte, aquele e somente aquele, sabia o que é viver. Ele criava mulheres que já existiam, mas, não sabiam,ele e somente ele,decifrava o paradoxo da vida.A insistência no “somente” é a persistência de um ser único,nada e nem ninguém se igualava a Nelson Rodrigues.

Artista a frente do seu tempo, poeta das palavras e das rubricas bem assinaladas, anjo da liberdade feminina, das feridas escondidas nas famílias, do sexo desprovido de preconceito, dos seios pra fora, da nudez sem pecado, dos bairros cariocas, anjo imortal, criador do conceito “Atemporal”. Zagueiro das crônicas , repórter do tempo, colunista da cor e da forma.Pintava o feio , belo ,  branco , negro, amarelo e vermelho.A  bèlle époque rodriguiana colocava o ser humano de quatro na cama.

Tia Flávia que me perdoe, mas, ser Dorotéia é fundamental... Pode até ser Bonitinha, mas, ordinária, mulher sem pecado e até viúva, porém honesta. É mulher, até a falecida! Por que, não? Com seu vestido de noiva e embalada pela valsa nº 6, ela me chama de anjo negro e me dar um beijo no asfalto, que flagra! Não sou anti-nelson Rodrigues, sou pró! Não tenho a boca de ouro, mas beijo suas mãos e “perdoe-me por me traíres”, você diz, hã! Vem, vamos fazer o nosso álbum de família, prometo te dar os sete gatinhos. Mulher, a serpente do amor, a senhora dos afogados na dor, tire-me a dor. Dispa-se do preconceito, mas, não arranque sua roupa, senão, toda nudez será castigada...

Depois de tanta verborragia... “Está na hora da Homeopatia” (peça perdoa-me por me traíres)...

À Nelson Rodrigues

    
2012, centenário de Nelson Rodrigues.

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