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A Noite Gay Paulistana retratada no Documentário: “A Volta da Pauliceia Desvairada”


Lufe Steffen entende da noite gay paulistana como poucos, não é a toa que dirigiu o documentário: “A Volta da Pauliceia Desvairada” que trata-se de como anda a noite atualmente, e prepara um novo sobre o que aconteceu no passado em: “Do Hi-Fi ao Medieval”. Mas a carreira em filmes queer de Lufe não começou com o dóc, ele fez entre outros: “Ame, antes que o filme acabe”, “Rasgue minha roupa”, “Meu namorado é michê”, “Beija-me se for capaz”, entre outros. Nas perguntas abaixo você conhece um pouco mais do que trata o documentário e logo a cidade. Ao termino da entrevista você vai ver onde passará e os horários.
Fabio Dias: “A Volta da Pauliceia Desvairada” é sobre a vertiginosa e incansável noite gay de São Paulo nos dias atuais e, hoje em dia você já está rodando “Do Hi-Fi ao Medieval” que é sobre a noite gay paulistana nas décadas de 60, 70 e 80. Como surgiu a ideia de produzir esses documentários? Percebeu muita diferença na noite paulistana gay nessas duas épocas?
"A Volta da Pauliceia Desvairada" surgiu da minha vontade de retratar, registrar, imortalizar enfim, o momento atual da noite gay de São Paulo, uma noite que sempre achei fascinante, seja qual for a época. Então fizemos o filme, e durante as gravações percebi que a novíssima geração muitas vezes não sabe nada sobre as gerações passadas, e pensa que a vida gay sempre foi assim: com internet, com grinder, com celular, com beijos no meio da rua, etc. Então senti vontade de me voltar pro passado e fazer um novo registro: desta vez, contando como foi a noite gay nessas décadas: 60, 70 e 80.
Existem muitas diferenças entre as duas fases sim. Eu ficaria horas escrevendo, rs. Então falarei das principais: a visibilidade é uma delas. Nos anos 60, 70 e 80, os gays ainda eram vistos de outra forma, como seres marginais, invisíveis, freaks ou circenses. A partir dos anos 90 isso começa a mudar, e hoje, nos anos 2010, apesar de vivermos uma onda neo conservadora e os ataques homofóbicos continuarem, já podemos dizer que o panorama é bem diferente. A visibilidade gay se impôs, e isso ninguém vai poder brecar ou negar. Claro que ainda há muito por avançar, mas comparando com o passado... o avanço é grande.
Outra grande diferença é o glamour. No passado, a vida noturna ( em geral, mas principalmente a vida noturna gay ) tinha muito glamour. As pessoas se arrumavam pra sair, iam pras boates e queriam beber boas bebidas, queriam um ambiente de luxo, e isso se refletia nos shows de travestis ( no estilo cabaré) que eram regra na época. Hoje esse cenário todo não existe mais, sob nenhum aspecto.
 
Rodrigo Ferraz: Como foram escolhidas as personas da noite para dar depoimentos? E os frequentadores, foram escolhidos por algum motivo especial?
Voltando ao "A Volta da Pauliceia Desvairada", os entrevistados do filme foram escolhidos de duas formas: pessoas que foram convidadas, por terem alguma ligação com a noite - DJs, promoters, donos de boates, jornalistas notívagos; e pessoas que a gente convidava no ato, no meio da balada - gente que chamava a atenção por ter algum brilho especial, um carisma, e a gente convidava na hora para dar depoimento.
Fábio Dias: Dos empresários e personalidades da noite que entrevistou na noite paulistana, quais mais te chamaram atenção pela história e por quê?
São muitos... todos foram interessantes... Por exemplo a Alessia, uma travesti que faz shows na esquina da Paulista com a Augusta, passando o chapéu, que mostrou uma história de vida muito interessante e demonstra coragem por fazer o que faz. Ou os organizadores da festa Vaca Galactose, uma das festas mais loucas e ousadas que já vi na vida. Ou ainda um casal de garotos que narrou como se conheceram e como iniciaram o namoro, e a história deles foi bem bonita e pitoresca. E também a festa Ursound, que é bem interessante e os entrevistados que estavam lá renderam bastante.
Entrevistados do documentário
Fábio Dias: Muitas boates paulistanas têm muitos anos, Nostro Mundo por exemplo já passou dos 40 anos de longevidade, como já existiram outras que fizeram até mais sucesso que essa e, não duraram nem 10 anos. O que percebeu entre os empresários que entrevistou? Há algum segredo para manter um empreendimento na noite gay por tanto tempo?Não sei se tem um segredo... acho que nem eles sabem responder. Isso é imprevisível, porque como você falou, tem casas que duram 10 anos no auge, e outras duram décadas mas de altos e baixos. A própria Nostro Mondo, foi aberta em 1971 mas de lá para cá teve diversas fases, de glória, e outras de decadência total. Não existe uma receita. Acredito que deve ser uma mistura de fatores: competência administrativa, ser a casa certa no lugar certo na hora certa... enfim...
Rodrigo Ferraz: Qual o grande diferencial da noite paulistana para o resto do Brasil e do mundo?
Ah, não sei responder essa rs! Vou tentar comparar... Talvez, em relação ao mundo, o diferencial seja o famoso jeito simpático do brasileiro. Então as pessoas interagem muito na noite, e são - em geral - divertidas e receptivas, abertas. Já de SP para o resto do Brasil... acho que existe na noite de SP uma espécie de prolongamento da atitude paulistana durante o dia: essa coisa da pressa, da urgência, da "neurose", no bom sentido da palavra - ou seja, acho que na noite de SP todo mundo quer viver tudo de bom que puder, e se divertir urgentemente, sugando cada momento. Como diz uma música que a Elba Ramalho canta, rs, e não tem nada a ver com o filme, mas até podia ter: "o tempo passa de repente, felicidade urgente para todos... para todos nós!”

Sexta (13/9): 20h e Sábado (14/9): 19h.
Matilha Cultural (Rua: Rego Freitas, 542) 

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