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Uma História de Amor com Manoel Carlos


Por Fábio Dias

 

De Felicidade à Em Família

Já entrevistei vários autores e, já até conheci vários pessoalmente, mas nunca, infelizmente,  tive um contato nem mesmo por e-mail se quer com o que sempre considerei meu maior ídolo entre os novelistas: Manoel Carlos. Escrevo esse texto com pura emoção e de coração, relembrando cenas e momentos meus com suas tramas. Trago nele memórias afetivas que me marcaram vendo suas novelas.


Felicidade
Minha história começou precoce, aos nove anos de idade, ainda criança, em 1991, tive a oportunidade de acompanhar uma trama do autor em minha primeira novela das seis, no caso "Felicidade", que marcava o retorno de Maneco à Rede Globo, após uma passagem pela TV Manchete. Naquela época, pouco eu entendia de novela, era a segunda que acompanhava, a primeira foi "Vamp". Foi um amor infantil, aliás a trama trazia duas crianças com forte apelo na trama. O drama de Helena, Álvaro, Bia, Alvinho e Débora prenderam minha atenção do início ao fim. Lembro como foi emocionante a revelação de que Álvaro era o pai de Bia, fato esse que aconteceu no penúltimo capítulo. Capítulo esse que ganhou uma reprise na sexta, jogando o último capítulo para o sábado com reprise na segunda-feira antes da estreia da novela que a substituiu. Fato esse que nunca mais aconteceu nas novelas. 



História de Amor
Todo amor tem uma história. Amor que chega sem avisar, amor que faz chorar, amor que muda tudo para sempre.
Com histórias próprias, ele trouxe a despretensiosa "História de Amor" em 1995. Os amores, ciúmes, a relação complicada entre mãe e filha e um número bem maior de personagens prenderam minha atenção do início ao fim.  Uma cena que muito me surpreendeu foi também no último capítulo quando é revelado para Joyce (Carla Marins) que ela é filha adotiva de Helena.
Regina Duarte fez sua primeira Helena, e fez com tanto gosto que chegou à declarar: "História de Amor eu não queria que acabasse nunca. Eu cheguei a dizer para o Boni: 'Não dá para ficar como aqueles seriados de antigamente, que duravam cinco, dez, quinze anos?' Eu queria ficar fazendo História de Amor para sempre. Ele ria e dizia: 'Não. Tem que acabar. Mas a gente faz outra depois'. E, realmente, um ano depois, ele me chamou para fazer o que, para mim, era História de Amor 2, mas que teve o nome de Por Amor. E ainda chamou a Gabriela para fazer a minha filha. Foi o máximo!" 



Por Amor
Foi nessa novela que minha paixão virou amor e, Maneco conquistou meu coração de vez. O QUE VOCÊ SERIA CAPAZ POR AMOR? O que eram aquelas chamadas? Lembro de cada uma! Foi nesse retorno ao horário nobre que Manoel Carlos passou a centrar suas tramas mais na classe média carioca. As primeiras cenas da novela foram gravadas em Veneza-Itália, cidade linda, que despertou o meu sonho em conhece-la, sonho esse que realizei esse ano e me fez relembrar várias cenas. "Por Amor" teve vários de personagens e cenas inesquecíveis, como esquecer as brigas de Milena e Branca, o depoimento de Nando em seu julgamento, as cenas de Sandrinha com seu pai alcoólatra, a troca de bebês e a grande vilã Branca Letícia de Barros Mota?

Com forte concorrência no horário, na época era o  auge do Ratinho, "Por Amor" manteve uma audiência média, mas a repercussão positiva da trama garantiu mais cinco novelas do autor no horário. Lembro que essa novela me parou, na última semana faltei da escola todos dias, queria ver ao vivo e não uma fita cassete gravada. Cada capítulo foi repleto de um acontecimento importante naquele desfecho. "Por Amor" foi reprisada com sucesso no "Vale a pena ver de novo", por vários capítulos superou a audiência de "Malhação", novela das seis e das sete na época e também teve mais uma exibição no Canal Viva, revi a tramas todas as vezes em que foi reprisada, é uma novela que me prende e emociona toda vez.



Laços de Família
Sua vida poderia dar uma novela, Laços de Família uma história que poderia ser sua. Esse foi o slogan de lançamento de lançamento da novela. Nos teasers os atores que interpretavam os protagonistas contavam histórias reais de sua vida.
"Laços de Família" foi enxuta, pra mim a trama mais redonda do autor e minha preferida na sua obra. Tudo ali parecia planejado milimetricamente pra dar certo e deu! O elenco era pequeno em relação às anteriores, tinha poucos núcleos, e todos tiveram destaque. Em entrevista Maneco chegou a declarar que teve um período que o núcleo de Ivete e Viriato estava parado, e tratou de movimentar, criou um acidente para Raquel, a filha do casal. Lembro que na época foi difícil pra eu aceitar o romance de Camila e Edu, até o final torcia para que ele voltasse pra Helena. A química dele com Helena foi muito forte,  a cena do primeiro beijo do casal foi tão sensual, que ele foi cortado na reprise. Mas, no fim tudo deu certo e tinha lá o Miguel esperando para amá-la. "Laços de Família" parou o país, e a cena de Camila raspando seu cabelo ao som de Love By Grace se tornou antológica, na teledramaturgia.  "Laços de Família" foi capa da revista "Veja" na época com o seguinte título: NOS LAÇOS DA NOVELA. "Por que 45 milhões de brasileiros assistem a novela das oito", tenho guardada comigo a edição dessa revista!



Presença de Anita
Sedução, traição, desespero, tragédia, uma família destruída, e a responsável por tudo está aqui!
Você não vai resistir à Presença de Anita.
Ninguém resistiu à essa minissérie, apenas seis meses depois da bem sucedida "Laços de Família", Manoel Carlos nos brinda com essa irresistível trama, projeto esse que ficou engavetado na TV Globo desde o início dos anos 90. A história de "Presença de Anita" coincidiu com um momento de minha vida. "Nada é coincidência, tudo está escrito." era quase um mantra da protagonista, que já prenunciava uma tragédia. A minissérie foi muito envolvente e seu final foi trágico, marcante, diria até pesado, sempre que assisto fico meio down. "Presença de Anita" foi lançada em 16 capítulos fechados, mas com seu sucesso foi cogitado na época um esticamento, mas como a série estava gravada e com a exibição praticamente na metade, não foi possível prolongar a trama.



Mulheres Apaixonadas
Vai passar na sua casa, mas poderia passar na sua vida.
Depois de Laços de Família, aguardava ansiosamente a próxima novela do Maneco. As chamadas diziam: "O Brasil inteiro vai se apaixonar!" e se apaixonou! Mulheres Apaixonadas apresentou um arsenal de núcleos e temas em uma narrativa diferente de tudo que o autor havia apresentado até então. A novela era como um seriado, cada núcleo em determinado momento assumia peso de protagonista e, praticamente todos funcionaram. Não teve uma trama que não me chamasse atenção, mas me encantei com o romance lésbico de Clara e Rafaela, casal esse que apresentou de forma sutil um selinho no último capítulo. Outra trama que conquistou foi da professora Raquel que se apaixonou por seu aluno Fred, e enfrentou a fúria de seu ex-marido Marcos que a espancava. Pra mim, uma das cenas mais marcantes, entre dezenas da novela, foi o discurso de Raquel homenageando Fred, após sua morte, na festa de formatura da escola, assumindo sua história com ele e que tinha um fruto desse amor, estava grávida. Outra coisa marcante nessa novela foi a trilha sonora, era um espetáculo à parte, foi a primeira novela a lançar a trilha internacional e nacional em CD duplo, foi uma das trilhas mais vendidas da história das novelas. Ah! A novela também foi capa da revista "Veja". Poderia ficar falando dessa novela durante muito tempo, mas vamos dar sequência. 

Com "Mulheres Apaixonadas", o autor desejava que fosse sua última novela, mas o sucesso foi tanto, levantou o horário em 8 pontos após o fracasso de "Esperança", que a Rede Globo não abriu mão do autor no horário.



Páginas da Vida
Todo dia você escreve escreve uma capítulo da sua vida, e nós também.
"Páginas da Vida" teve um começo arrebatador, o romance de Nanda e Léo em Amsterdam turbinou a audiência da novela de cara. A trilha sonora era linda, a química dos protagonistas com a emocionante história conquistaram o público. A personagem Nanda fez tanto sucesso, que o autor adiou sua morte o quanto pode, e quando ocorreu tratou de mante-la presente na trama como um espírito até a cena final do último capítulo. Uma cena muito marcante da Nanda, é quando ela volta para o Brasil e é esbofeteada ao contar para mãe que está grávida. Mas, foi nessa novela que essa história de amor começou a se abalar. O autor já não era mais o mesmo, não foi como ele queria, queria ter parado. Estava trabalhando com um novo diretor, saiu Ricardo Waddington e entrou Jayme Monjardim e isso atrapalhou ainda mais. Mas segui firme forte até o fim, e o que encantou muito nessa novela após o início promissor, foi o romance de Jorge (Thiago Lacerda) e Telminha (Grazi Massafera) que fez sua estreia em grande estilo em novelas. Apesar da novela não ter sido tão empolgante como as outras, essa foi a novela de maior sucesso do Manoel Carlos.

Até então, Manoel Carlos era um dos únicos autores em não ter nenhum fracasso em seu currículo, eis que vêm a sua próxima.



Viver a Vida
A novela padeceu do mesmo erro, começou até bem, mas patinou, andou de cadeira de rodas como sua protagonista. Mas, ainda assim, o romance de Luciana e Miguel, foi pra mim a mais linda historia de amor contada em uma novela. As cenas do romance, que foi construído à passos lentos, eram incríveis: os olhares, a cumplicidade entre os personagens foi lindo e me prendeu até o fim da novela. Uma história que muito prometia nessa novela, mas foi barrada era da mini vilã vivida por Klara Castanho. Teve poucas cena de vilania. Uma pena! "Viver a Vida" foi o primeiro fracasso na carreira do autor, que pedia mais uma vez que fosse sua última novela.



Em família
Eis que vem a definitiva, derradeira e prometida última novela do autor. Com um início instigante, mas com baixa audiência, a Rede Globo acelerou a novela. O autor que estreou com 18 capítulos prontos se viu perdido com sua novela editada. Sem frente de capítulos, "Em Família" perdeu o ritmo dos primeiros capítulos. Manoel Carlos em recente entrevista, declarou: "Desta vez, porém, deleguei mais do que sempre fiz. Alguns problemas de saúde, principalmente os decorrentes das longas horas sentado, me levaram a precisar mais deles." Talvez isso explique os momentos mais frágeis e criticados da novela. Mas apesar de tudo, o bom texto e várias cenas emocionantes estiveram presentes em sua trama. Um dos poucos personagens que gostei muito e me identifiquei na novela, foi o casal Bárbara e André, ganharam minha torcida, a química entre os personagens foi ótima. Destaco as cenas de Chica em seus diálogos com seus filhos Felipe e Clara; a cena de Cadu  ao conhecer o filho do doador de seu novo coração; seus últimos capítulos e seu final foram bem interessantes. O velho Maneco estava presente lá!



****

Que Manoel Carlos, no auge de seus 81 anos tenha saúde e possa assumir trabalhos menores, que escreva com calma, o autor é único, é emoção pura, não precisa provar isso pra ninguém, já deixou um legado de grandes histórias e contribuição para as telenovelas. Fica aqui o meu agradecimento e homenagem por me emocionar nesses 23 anos de história.


O melhor do Maneco pra mim...
Novela: 1. Laços de Família 2. Por Amor
Helena: 1. Vera Fisher 2. Regina Duarte em "Por Amor"
Personagem masculino: 1. Miguel (Mateus Solano) em "Viver a Vida"; 2. Miguel (Tony Ramos) de "Laços de Família".
Núcleo paralelo: Professora Raquel, Fred e Marcos de "Mulheres Apaixonadas" e Nando e Milena em "Por Amor"
Aberturas: Mulheres Apaixonadas e Por Amor
Cena: Miguel e Luciana se declarando seu amor um ao outro em Viver a Vida
Melhor último capítulo: Por Amor
Melhor primeiro capítulo: Por Amor


E pra você, qual o melhor do Manoel Carlos?

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