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Terra de Deitados - Uma história viva contada entre os mortos

Por Ewerton Morais


Confesso que procurei não ler nada sobre "Terra de deitados", o novo espetáculo da Cia Documentário de teatro. Queria ser surpreendido, sabia que seria surpreendido! Tudo isso porque o novo projeto nos convida a conhecer e ocupar espaços públicos. Desta vez o cemitério da Vila Mariana. 

Em meio a jazigos, esculturas desgastadas pelo tempo e flores (algumas ainda recentemente postas) a Cia documentário conta a história de João Soler e Dona Francisca, um casal que não tinha nada a ver comigo, mas, que ao mesmo tempo tem tudo a ver com cada um de nós. A sensibilidade de destacar a vida de um proletário e de sua família, que assim como tantos outros ajudaram a construir a cidade que vivemos hoje. 


Partindo desse microcosmo (que por diversos momentos o identifiquei como macrocosmo) para nos convidar a refletir e dividir relatos que ultrapassam as paredes e sepultura daquele lugar, nos convidando a vivenciar uma história que começou na década de 40, na cidadezinha de Gavião Peixoto a 300 Quilômetros da Capital paulista. 

Historia essa que hoje foi representada pelo João e da Dona Francisca (hoje com 100 anos de idade), mas que poderia, e certamente foi entre muitos que deixaram o campo apenas com a roupa do corpo e algumas malas cheias de esperança.


A necessidade de documentar uma história sofrida na mesma proporção que bela. Atores presentes de corpo e alma. Hora como personagem, hora como ator que denúncia os gritos abafados dessa história. Sem ignorar o espaço que ocupam, nem os sons que os rodeiam.

Sai daquele lugar um pouco mais João, um pouco mais Francisca, um pouco mais Cidinha, Afonso, Anita e Dirce (seus filhos). Sai daquele lugar com uma pequena sensação de impotência por reconhecer que às vezes nosso sonho é vencido pelo sistema, e apesar das vontades serem contrarias "alguém tem que por comida na mesa". Mas sai também com um alivio enorme em saber que existe uma representatividade que falam por quem não pode, existem pessoas que gritam, berram contra a vida encabrestada, e acima de tudo, com muita fé no ser humano.  


A temporada vai até 17/07 –  Sexta, Sábado e Domingo às 15:30 e tem entrada franca!
Local: Cemitério Vila Mariana - Avenida Lacerda Franco, 1967, Cambuci, São Paulo.

Para conferir uma entrevista com a atriz do documentário Carolina Angrisani clique aqui.


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