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ENTREVISTA EXCLUSIVA: Duca Rachid fala de "Órfãos da Terra", da peça "As Brasas" e muito mais.




Daqui uma semana Duca Rachid (junto com Thelma Guedes) estreia novela nova: Órfãos da Terra. A autora também esteve em cartaz em São Paulo e no Rio com a peça As Brasas, ela que é de casa, já esteve aqui em outros três momentos volta a responder perguntas dos nossos colunistas! Vamos a elas??

Fábio Dias: O que podemos esperar de Órfãos da Terra? Vocês sempre trazem grandes novidades no roteiro, do que a atual se diferencia da última escrita Joia Rara?
O público pode esperar uma história de amor com muitos empecilhos e reviravoltas típicas dos folhetins, cujo pano de fundo é a situação dos refugiados não só sírios, mas também africanos, haitianos e até venezuelanos no Brasil. Porque essa é uma realidade cada vez mais presente no nosso dia-a-dia e o refúgio nos traz histórias e experiências humanas muito fortes e com grande carga dramática.  E claro, esperamos que com a novela as pessoas conheçam mais um pouco sobre quem são essas pessoas, gente como nós, a maioria deles com uma ótima formação cultural e profissional e que, de repente, por razões políticas, econômicas, por tragédias ambientais, tiveram que deixar tudo pra trás pra começar uma nova vida em outra país. E isso não é nenhuma novidade pra nós brasileiro, já que nosso bisavós e avós fizeram a mesma coisa: atravessaram o oceano em busca melhores condições de sobrevivência, depois que duas grande guerras devastaram a Europa. E, da mesma maneira, a história desses imigrantes rendeu belas novelas como “Os Imigrantes” e “Terra Nostra”, entre outras.

Rodrigo Ferraz: Duca é descendente de árabes, o personagem polígamo do Mouhamed Harfouch e agora sírios e libaneses vão ser muitos em Orfãos da Terra, quando você escreve esses personagens, a intenção é fazer uma homenagem para os seus antepassados? Algum deles é baseado em uma história real?
Com certeza, muito da minha inspiração vem das histórias que ouvi sobre meu avô libanês, que infelizmente não cheguei a conhecer.  Algumas situações também são baseadas em fatos vividos  pelos meus avós, imigrantes portugueses. Embora nenhum dos meus avôs tenha tido mais do que uma família, como o Farid, de Cordel…rs. Outra histórias também se baseiam na experiência de migrantes pernambucanos, avôs da Thelma. Como vê, nós duas somos descendentes de “refugiados”. 


Rodrigo Ferraz: Algo da sinopse da novela das 21h (O homem errado) que estava na fila e que vocês  escreveriam vai ser aproveitado em Órfãos da Terra?
Não. Nenhuma trama de “O homem errado” será aproveitada em “Órfãos da Terra”. São histórias completamente diferentes.  “O homem errado” era uma história de suspense. “Órfãos da Terra” é um épico romântico.

Rafael Barbosa: Toda obra tele dramatúrgica exige muito trabalho de pesquisa, mas imagino  que trabalhos como "Joia Rara" e a próxima que você e Thelma estão escrevendo, "Órfãos da Terra", exige ainda mais. Ainda sobre a sua formação em jornalismo, penso que esse processo se assemelha muito ao trabalho de apuração e pesquisa de produtos jornalísticos. Como é essa etapa? No caso da trama dos refugiados? Quantas pessoas foram ouvidas e onde vocês foram buscar essas informações?
 Nós lemos muitos livros, vimos muitas reportagens, documentários e filmes sobre o assunto. Aliás, esse é o tema do momento. Há grandes obras em cartaz sobre a questão do refúgio, como “Cafarnaum", da Nadine Labaki, ou “Human Flow”, do Ai WeiWei, só pra citar duas delas. Mas também entramos em contato com muitas entidades que atendem refugiados em São Paulo, como a Missão Paz, A Cáritas, a Adus, além da Acnur, que é a agência da Onu que se ocupa dessa questão. E também seguimos conhecendo e conversando com muitos refugiados que nos trazem histórias e vivências riquíssimas. São pessoas incríveis, de uma resiliência extraordinária, que têm muito a contribuir para a nossa economia e nossa cultura. Ele vêm pra somar.

Com Thelma Guedes

Fábio Dias: Como está sendo a rotina de trabalho de vocês, como distribuem o trabalho entre vocês e os seus colaboradores?
A nossa rotina é a mesma dos outros trabalhos. Construímos a sinopse e a estrutura dos capítulos juntas, dividimos as cenas, em geral por núcleo, para nossos colaboradores colocarem os diálogos e depois juntamos as cenas e fazemos o texto final. Cada uma de nós faz a sua revisão, e cada um dos colaboradores também faz a sua, apontando desde erros de digitação, até contradições e sugestões para melhorar o resultado final.  

Rafael Barbosa: Você é formada em jornalismo e o jornalismo, também é, em sua essência, contar histórias. Muitos jovens que cultivam o desejo de escrever, sobretudo roteiros para TV, acabam optando por este curso. É o meu caso (risos). Li que você passou por algumas redações, trabalhou com assessoria e produziu vídeos e documentários em uma produtora independente? Gostaria de saber o porque escolheu fazer a faculdade de jornalismo, como foi a sua experiência na profissão e de que maneira isso contribuiu para sua carreira de autora?
Eu fui fazer jornalismo porque queria  ver o mundo, conhecer as pessoas, ouvir e reproduzir histórias. Eu trabalhei bem pouco em redação - na editoria de variedades e comportamento e depois num caderno de informática e tecnologia (veja só!). Mas sempre quis trabalhar com televisão, fazer cinema, escrever histórias. Por esse motivo me meti a abrir uma produtora, ainda na faculdade, e fui cavando espaço, conseguindo minha primeira oportunidade em Portugal. Eu acho que mais que o jornalismo, o que me ajudou e ajuda, é a curiosidade sobre as coisas do mundo. O jornalismo me ajudou a entender que ninguém faz nada sozinho. Você depende de sua fonte, do seu editor, de toda uma equipe. E na novela é assim também. Novela se faz em equipe.

Herson Capri e Genezio de Barros na peça As Brasas

Rodrigo Ferraz: As Brasas espetáculo que você fez, conta com Genezio de Barros no elenco, que já havia atuado em novelas de vocês e Herson Capri que fará a próxima novela! Como nasceu o projeto da peça? Como foram as temporadas no Rio e em São Paulo?
O projeto das Brasas nasceu da paixão absoluta pelo livro do Sandor Marái. Foi o Júlio Fischer quem me deu o livro, quando a gente estava escrevendo Cordel. Eu li e disse a ele que a gente tinha que transformar aquilo numa peça de teatro. O livro em si já tem uma pegada teatral, e talvez tenha me tocado tanto por tratar da lealdade entre amigos. Quem me conhece sabe a importância que os meus amigos têm na minha vida.  Do quanto eu sou fiel a eles, quase um cachorro (rs...)!  Então desde a primeira leitura, fui atrás de comprar os direitos do livro. Só consegui com a ajuda do Felipe Lima, que é um ator e produtor extraordinário, com um faro afiado pra coisas boas. Ele foi uma parceiro incrível! Sou muito agradecida a ele por ter me permitido concretizar esse sonho. E também ao Herson e ao Genézio, grandes atores que abraçaram essa causa e fizeram duas temporadas muito boas tanto em São Paulo quando no Rio.  Estamos tentando voltar, logo que o Herson e o Genésio estejam disponíveis.

Rafael Barbosa: Você passou pela experiência de ser supervisionada por grandes autores como Walcyr Carrasco e João Emanuel Carneiro, e em 2016, você esteve na posição de supervisora na minissérie Ligações Perigosas, da Manuela Dias. Se nada mudar, a Manuela agora se prepara para uma empreitada das 21 horas. Como foi essa experiência como supervisora de texto, como é a relação com o autor titular nesses casos e como você analisa o espaço que novos autores vem tendo na televisão?
Um supervisor tem que aconselhar, mas respeitar as escolhas e o estilo do autor da obra. Não pode querer impor suas ideias, o seu jeito de fazer. Talvez por isso, supervisionar seja até mais difícil que encabeçar uma equipe. Você tem que saber até onde pode e deve ir. Deixar o seu amor , “livre pra amar”, e pra voar. Tem que ter uma boa dose de generosidade. Felizmente tivemos supervisores muito generosos e espero também ter sido assim com a Manu.  E claro, a TV, como tudo na vida, tem que se renovar!  Buscar novos temas, novas linguagens. Adoro as novelas da Izabel de Oliveira e da Paula Amaral, com essa pegada POP; da Thereza Falcão e do Alessandro Marson, que recuperam a nossa identidade  através da história;  da Cláudia Souto, do Rosane Svartman e o Paulo Halm, recuperando as comédias do Cássio Gabus Mendes;  Lícia Manzo, uma incrível cronista do nosso tempo;  Maria Helena Nascimento, que já é uma veterana; fiquei muito feliz em ver o Julio Fischer e a Suzana Pires assinando novela com o Negrão. Amei “Justiça”, achei inédito na forma e na linguagem e torço muito pela Manu, que é uma moça de muito talento. 


Fábio Dias: O maior sucesso da carreira de vocês é Cordel Encantado que agora está sendo exibida novamente no Vale a pena ver de novo. A que atribui esse sucesso todo da trama? Conte memórias desse grande momento.
Cordel foi uma ideia feliz. Tinha um enredo inspirado nos cordéis nordestinos, que misturam universos diversos - nesse caso os “reinos” europeu e do cangaço, numa cidade fictícia, num período indeterminado na história, o que nos dava liberdade para fazer referência a várias tramas de folhetins famosos, que são a base do nosso trabalho. Contamos com uma realização excepcional do Ricardo e da Amora, uma equipe de figurino, arte e cenografia sofisticadíssimas e um elenco incrível!  Lançamos nomes como Domingos Montagner, e Maurício Destri, e isso muito nos orgulha. Foi uma novela trabalhosa, não era uma trama de gabinete, tinha muita cena de ação, mas todo mundo trabalhava empenhado e feliz. E o resultado foi o que se viu. Até hoje, todos temos saudades de Cordel. No dia da reexibição do primeiro capítulo nos reunimos a ver juntos e lembrar o quanto fomos felizes.

Fábio Dias: Você começou a escrever com dois grandes autores de sucesso, Walcyr Carrasco e João Emanuel Carneiro. O que absorveu de cada um desses? Conta pra nós como foi cada experiência.
Com o Walcyr  aprendi, sobretudo, que você deve sempre levar em conta o público para o qual está se dirigindo. Mesmo que você esteja escrevendo uma novela de época, você tem que falar as coisas de maneira que façam sentido para os valores do público que está te assistindo hoje.  O João me ensinou que você deve sempre acreditar na sua história. Se você não acreditar, não “viver” a sua história, como é que você vai passar verdade pra seu público? Foram experiências bem diferentes. Com o Walcyr fiz duas novelas como colaboradora, "O Cravo e a Rosa" e "A Padroeira", e ele também supervisionou a Thelma e eu nos primeiros capítulos de "O Profeta". Tive um contato mais longo com o Walcyr e aprendi muito com ele sobre como estruturar uma novela e exercer o desapego também: novela é pra ser vista e se for necessário, a gente tem que fazer ajustes pra conquistar o público sim. O João foi nosso supervisor em "Cama de Gato" e com eles aprendemos a planejar uma novela, com rigor, mas também guardando algum espaço para ideias que surgem durante o encaminhamento da história. Novela se faz muito também no dia-a-dia. As ideia vão surgindo a cada dia.

Júnior Bueno: Com uma parceria tão bem sucedida, você já pensou em fazer algum trabalho solo, sem a outra?
Claro que a gente sempre pensa em fazer trabalhos solo, ou com outros parceiros. Mas também penso que a sintonia que temos é muito preciosa. O resultado do nosso trabalho juntas é muito bom.  Sei lá… Deixa a vida nos levar...

Júnior Bueno: Com o sucesso do streaming e a ampla concorrência da TV com outros meios, como você imagina o futuro da telenovela?
O jeito de ver novela mudou muito. Hoje se assiste novela no celular, no carro, no computador, até na TV, seguindo os capítulos dia a dia… rs.  A concorrência é grande, mas eu acho que a novela pode sempre surpreender. Uma boa história pode capturar o público, se transformar num fenômeno de audiência. Foi assim com Cordel, com "Avenida Brasil", e mais recentemente com “A Força do Querer” e “O Outro Lado do Paraíso”.  A tendência é que as novelas encurtem não só em número de capítulos, mas na duração dos mesmos, porque hoje as pessoas têm cada vez menos tempo. Mas ainda acho que a novela será, por muito tempo, o principal produto da TV brasileira. 

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