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TEATRO: Festival Cena Brasil Internacional


Com Kiko Rieser
Por Rodrigo Ferraz



Desde o dia 13 de junho, São Paulo e Lorena receberam o Festival Cena Brasil Internacional, idealizado por Sérgio Saboya e com curadoria de Celso Cury e Dane de Jade, que teve edição no Rio inaugurada dia 1º de junho.

Em São Paulo, toda programação irá acontecer no Teatro Sergio Cardoso.

Com exceção do National Theater of Scotland vai se apresentar (dias 15 e 16, às 21h30) no Pacha Ynti Bar só por uma questão de ambientação, pois o espetáculo fica muito melhor encenado em um bar que, no caso, é bem pertinho do teatro, dá para ir a pé.

Outro fato importante é do Festival ser apresentado pelo CCBB. A programação vai acontecer no Teatro Sergio Cardoso, porque o CCBB não comporta fisicamente essa estrutura toda. Então, nesse caso, o CCBB expande suas atividades ao TSC.

Inclusive, o preço dos ingressos (R$ 6) é o mesmo praticado no teatro do CCBB.

Poderia me estender mais, mas ainda não pude ver nenhuma das peças, então nada melhor do que transformar esse post,  num Post VIP.  Meu parceiro Kiko Rieser falará...

Kiko que é dramaturgo, produtor, diretor e ator é mais que uma jovem promessa. É uma realidade... Trabalhamos juntos em “Lixo e Purpurina” em que fiz assistência de Direção e ele a dramaturgia do texto do inesqeucível Caio Fernando Abreu. Ta envolvido no juvenil “Capitu, olhos de mar”, dirigiu e escreveu: “Sem Retorno”. Entre outros projetos... Agora vamos ver o que ele tem pra falar de uma das peças desses super Festival??


“Isso te interessa?” é a versão da Cia Brasileira de Teatro para “Bon, Saint Cloud”, peça da francesa Noëlle Renaude, até então inédita no Brasil.

Através de apenas 4 personagens explícitos em cena (o pai, a mãe, o irmão e a irmã), a peça flagra três gerações de uma família completamente ordinária da classe média parisiense. Todas as ações têm, no texto e na encenação, o mesmo peso dramático, desde as mais prosaicas, como brincar com o cachorro, até outras como casamentos, nascimento dos netos e a morte dos pais. O tédio e a falta de sentido da vida familiar, que são imediatamente flagrantes na obra, servem para evidenciar a repetição de comportamentos através das gerações. A mais clara de todas é a ideia escapista, nunca concretizada, de passear em Saint Cloud. Antes proposta pelo pai e ridicularizada pelos filhos, depois é sugerida por eles mesmos, quando o tempo passou, as relações familiares se inverteram e agora são eles que precisam entreter seus rebentos. Para quem conhece a peça “As três irmãs” de Tchekhov, o sonho das irmãs de irem a Moscou aparece aqui como um eco esvaziado de sentido: Saint Cloud não é a salvação utópica da vida dessa família, mas apenas de um ou outro dia, um provável domingo modorrento e assustadoramente banal.

Não é só no conteúdo que o tema aparece, mas na forma da dramaturgia de Renaude. Desta forma, os personagens não têm nome, pois também não têm personalidade, representando apenas um lugar na estrutura familiar, que muda com o passar dos tempos. A irmã vira a mãe, o que faz com que aquela que antes era chamada de mãe agora seja designada como a mãe da mãe. E assim vão se intrincando todas as relações, que são na verdade uma só, reproduzida através dos anos e das gerações.


Outro aspecto que chama a atenção na dramaturgia de Reunaude é a intersecção constante entre narração e diálogo. Se no princípio, os personagens apenas narram a si mesmos na terceira pessoa, depois todos narram a todos, reforçando a ideia de que os membros dessa família são lados de um mesmo prisma.

A direção de Marcio Abreu concretiza em cena esse conceito de unidade entre os personagens. Assim, todos aparecem em cena todo o tempo nus, único figurino capaz de igualá-los e despi-los de qualquer identidade, bem como todas as ações são estilizadas para que, além de transparecer o ridículo, fiquem evidentes as repetições ao longo do espetáculo. A escolha dos intérpretes se pauta no mesmo sentido, sem biotipos que correspondam à idade e a demais características dos personagens, já que os quatro ótimos atores são da mesma faixa etária e, exceto em alguns momentos em que há uma construção de voz específica da mãe (que destoa de todo o conjunto), interpretam sem buscar arquétipos ou artifícios que remetam à idade representada: apenas um desencanto que se intensifica no olhar diferencia, por exemplo, o irmão do pai que ele mesmo se torna depois.


O cenário de Fernando Marés traz móveis que remetem às décadas de 60 e 70, e a ambientação do espetáculo em uma época passada evidencia que a perpetuação desses hábitos familiares é como um moto-contínuo sem previsão de acabar. Somada a isso, há uma angulação singular no cenário, em que a sala da família se estreita da boca de cena ao fundo, convergindo todos os pontos de vista dessa perspectiva para um único ponto de fuga: todos ali no palco são os mesmos, e talvez nós também tenhamos muito deles. É bom ficar atento!

Próximos Espetáculos
>> 17 de junho - domingo - 20h - Nadie Lo Quiere Creer - 21h30 - Nóis Otário{s}
>> 19 de junho - terça - 20h - Trois Vieilles - 21h30 - Sin Sangre
>> 20 de junho - quarta - 20h - Trois Vieilles - 21h30 - Sin Sangre
>> 21 de junho - quinta - 20h - Ato de Comunhão - 21h30 - L'ecole des Ventriloques
>> 22 de junho - sexta - 20h - Ato de Comunhão - 21h30 - L'ecole des Ventriloques
>> 23 de junho - sábado - 20h - A Tecelã 
>> 24 de junho - domingo - 20h - A Tecelã
Teatro Sérgio Cardoso
Rua Rui Barbosa, 153, Bela Vista
Fone (11) 3251-5122

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